2.20.2008

(b) Berlindes

Chamo-me Filipe e tenho oito anos. Gosto de jogar ao berlinde. Gosto de jogar às barrocas e ao triângulo, não importa. Se calhar gosto mais de jogar às barrocas. A mãe fez um saquinho de pano para eu guardar os meus preciosos berlindes. É assim que os levo para a escola. O João diz que eles não valem nada, mas para mim valem muito, até porque me divertem. Eu sei que ele diz isso porque quer ficar com eles, como daquela vez em que me convenceu a trocar um carrinho por um pedra polida que dizia ser preciosa. Nessa já não caiu! O que é que eu tenho, deixa cá ver? Tenho pidolas, pirolitos, contra-mundos, esferas e uma leiteira. No total tenho 47 berlindes. Já tive mais mas perdi alguns na escola a jogar contra os outros meninos. Eu gosto mesmo de jogar é com o primo Luís porque ganho-lhe sempre. Quase sempre. Os que eu gosto mais são os contra-mundos, são grandes, de vidro e têm muitas cores. Talvez seja por eu ser da Marinha que é a terra do vidro. Fazem-me sempre lembrar aquela visita de estudo que fizemos à Fabrica Escola onde vi os senhores vidreiros a soprarem o vidro e a fazerem jarras, jarros, taças e muitas outras coisas. Estava lá muito calor. Eu também soprei mas aquilo era muito difícil. Onde é que eu ia? Já sei, nos berlindes, os meus amigos berlindes. Como eu gostava de jogar ao berlinde.
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Não sei porquê (claro que sei!) mas ao recordar a minha infância vem-me à memória esse magnífico Cinema Paradiso e a incontornável música de Ennio Morricone. Maestro, por favor, tenha a bondade de me fazer viajar no tempo.
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2.09.2008

(playlist) Cantiga de Amor

Penso que não poderia começar de melhor maneira a minha playlist. Chama-se Cantiga de Amor e faz parte do último trabalho dos Rádio Macau, a sair brevemente. Neste caso foi amor à primeira vista. A melodia é simples e a letra inocente. Só encontro um adjectivo: soberbo! Os Rádio Macau parecem ter regressado ao seu melhor. Gostos não se discutem.