7.21.2007

(t) tempo (horas, minutos, segundos, a eternidade)

(escrito ao sabor de "Encosta-te a Mim")
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É bom ter todo o tempo, fazer uso do gozo que nos dá, estar com todos, contigo. Deperdiçar um só segundo é deixar morrer a frágil pétala duma flor que não dura mais do que um ínfimo lapso do tempo que nos sobra. Mas a culpa também é da idade, a idade baralha-nos o tempo. Lembras-te quando ele teimava em não passar e a ansia de ser crescido corria mais veloz? Lembras-te quando o desperdiçavas porque era coisa que não te faltava? Agora corres tu atrás dele porque começas a perceber que é um bem precioso. Tarde de mais? Espero que não pois apenas tenho a certeza de que não o quero perder.

Um dia destes jantei com uns amigos da "velha guarda". Lembrámos tempos passados e partilhámos recordações e memórias. São as quarenta primaveras a amolecerem-me a arrogância. "Lesbras-te daquela canção que falava de nós, dos amigos?" perguntou-me o Jorge. "Lembro-me dela muitas vezes, «estátuas com alma de marfim»".

De forma particular para o Jorge e para todos os amigos que amamos,

(letra e música de Filipe Gomes)

Os ponteiros marcam sem se importar
O tempo que teima em fugir
Ficava aqui para sempre contigo sem sentir
O frio, a chuva, os tormentos, o medo
Como barco que encontrou um cais
Fugir contigo nas asas do sonho
E não voltar mais

E amanhã, outro dia como o de hoje virá
Só não sei se ainda estarei, se parti, eu sei lá
Esquecer faz parte da vida
O que é bom vai-se com o vento
E fica um retrato manchado pelas nódoas do tempo

E ela insiste
A lágrima teima em cair, como gota
De orvalho da manhã, que sorvo em tua boca

(refrão)
Isto são coisas d’amizade
Dias de glória sem ter fim
Os homens morrem, as pedras não
Estátuas com alma de marfim
Isto são coisas d’amizade…