(l) Lua
Soneto da Lua
Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas, e sem fim
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros ?
Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?
Fugaz, com que direito tens-me pressa
A alma, que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:
E és tão pouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética e indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!
Vinicius de Moraes
e o meu contributo
(letra e música Filipe Gomes)
só por ti na noite, procurando em vão
um porto seguro na escuridão
não tenho medo que os baixios
me façam naufragar
só por ti eu ia a qualquer lugar
a Lua aparece, o temporal se acalma
e sinto um vazio cá dentro, na alma
cansado de ter resistido
não sei como sobrevivi
pouco depois adormeço pensando em ti
......o corpo como que morreu
......a alma como que partiu
......tu foste o lado da Lua
......que mais ninguém viu
sonho com o vento,
sonho com o mar
e algo me diz que te hei-de encontrar
talvez a próxima maré traga sinais de ti
e o vento me conte o que não vi
o Sol já vai alto, sinto-me acordar
por mais que procure não consigo encontrar
nem o barco em que naveguei,
nem o farol que me guiou
nem o meu amor que o mar me roubou