(c) Chuva
Hoje amanheceu com a água a correr pelos pinhais. Uma bátega de água copiosa que fez soltar da terra um cheiro a húmus e a musgo. Respirei fundo e senti a chuva percorrer-me os cabelos, a cara, o tronco, os braços, as pernas, os pés. Imóvel, senti-a. Ouvi-a. Toquei-lhe. Fez romper os primeiros míscaros por entre a caruma molhada que me rodeava, encheu o ribeiro que corria manso, deu de beber às fontes, lavou-me a alma. Deu-me vida. Encheu-me de seiva. Esta é uma bênção que me faz sentir muito mais do que simples pinheiro, faz-me sentir um homem.
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2 comentários:
Olá Filipe,
Também gostei (muito) deste teu ‘post’ de hoje: CHUVA.
E gostei sobretudo pela riqueza telúrica do seu conteúdo!
Esta é uma das benesses de quem, como nós, ainda se pode dar ao prazer (eu ia a escrever, ao luxo!) de apreciar a Natureza nessas pequenas-grandes coisas!
Boa prosa, não há dúvida. E ainda melhor com a colaboração da Mariza.
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