(b) Bicicleta
Como qualquer bom marinhense, a bicicleta faz parte da minha vida.
Não me recordo exactamente quando aprendi a andar mas tenho uma vaga memória de uma bicicleta pequenina (dos primos da Amieirinha) e de dar umas quedas na traseiras da casa onde moravam, juntamente com o meu irmão João.
Em casa havia uma bicicleta grande (não me recordo a marca), com um suporte traseiro onde me empoleirava para o meu pai me levar à escola da Embra a seguir ao almoço, frequentava eu a primeira classe, mas não sem antes “fazer escala” nas bombas da Sacor para tomar um café.
Na bicicleta do pai não havia permissão para aventuras.
A primeira bicicleta para os garotos, motivo de algumas disputas mais acesas entre os irmãos, foi uma Sirla roda 20, daquelas que se dobravam ao meio.
Entre muitos kms, aventuras e números artísticos feitos de ginga, recordo:
o trabalho nas férias grandes nos Correios (fazia as férias do vizinho Armando Carteiro, a entregar telegramas, de bicicleta claro);
uma queda monumental numa noite de sábado de Carnaval a caminho do Império (seguia pela Av. José Gregório montado na burra, mascarado de mulher – peruca, vestido justo e curto, meia preta de licra, salto alto, pochette - quando subitamente, perto do café dos pais do meu amigo Vasco, resvalei na valeta e rebolei uns bons metros acabando por me imobilizar “toda descomposta”);
uma viagem de ída para a terra dos avós maternos (Alqueidão da Serra, na Serra d’Aire, perto de Porto de Mós), sempre a subir e tendo como único conforto pensar no quanto seria bom a viagem de regresso, sempre a descer. Puro engano. O regresso de bicicleta nunca aconteceu porque tendo estacionado o veículo atrás de uma camioneta, foi a mesma triturada por esta quando o seu distraído proprietário fez marcha-atrás. “Eu bem ouvi umas coisas a estalar” disse-me o sujeito, que ao fim de alguma discussão acabou por assumir a culpa do trágico acidente e se responsabilizou por mandar arranjá-la (coisa que demorou três penosos anos).
Todos estes episódio tiveram por protagonista a velha bicicleta do pai e da qual perdi o rasto.
Em tempos fui céptico em relação às ciclovias. Hoje considero que tinha uma opinião completamente errada. Era até desejável que se tornasse a utilizar a bicicleta não somente como instrumento de lazer, mas também como transporte alternativo – todos tinhamos a ganhar em qualidade de vida.
1 comentário:
Bem, desgraçadas das bicicletas e "desgraçado" do ciclista :)
Enviar um comentário